O primeiro conto de ficção cientifica que escrevi a muito tempo chamado "Três Mosqueteiros"

 

Num futuro próximo o homem criou o “Crente”, foi notícia em todos os noticiários do mundo. Nos jornais diziam que o Homem se tinha tornado Deus ao criar vida, era vida artificial, mas era vida. Deram o nome de Tomás ao primeiro “Crente”. Ao Tomás foi lhe ensinado todas as línguas, os costumes e tradições do mundo. Tomás cresceu a confiar na humanidade, o primeiro livro que o Tomás leu e ficou apaixonado foi “Os três Mosqueteiros” do Alexandre Dumas, ele sonhava ter uma aventura como o D'Artagnan.

- Bom dia Tomás – disse a psicóloga Alemã Ágda Andersson quando fazia a sua visita diária ao Tomás no seu laboratório – o que tens feito?

- Tenho feito do mesmo, mas o que mais gosto de fazer é ler o livro “Três Mosqueteiros”. (sorriu) eu gostava de ser como o D'Artagnan.

- Nunca me contaste isso – disse admirada a Ágda e pediu - fala-me mais desse teu sonho.

- Bem doutora Andersson no livro o meu herói foi para Paris sozinho para se alistar no corpo dos Mosqueteiros e fez amizade com os três mosqueteiros.

- Sim, o Atos, Porthos e Aramis.

- Sim, como sabe eu não tenho amigos, nunca sai deste laboratório a onde fui criado.

- Gostavas de ir lá fora? – perguntou a psicóloga Ágda

- Sim, ver pela primeira vez o mundo. – Tomás mostrou o seu primeiro sentimento – Eu sei tanto sobre o vosso mundo e nunca o vi.

A Ágda leu antes de dormir o livro “Três Mosqueteiros”, queria compreender porque o Tomás gostava tanto do livro. O seu esposo o Rodrigo farto de ser ignorado pelo o livro perguntou:

- O que te deu para leres “Os três Mosqueteiros”?

- O Crente…… ou melhor o Tomás.

- Estás a falar do Robô?

- Sim ele demonstra sentimentos quando fala deste livro, ele já o leu várias vezes – Ágda olhou para o marido – ele sonha ser como o D'Artagnan personagem do livro e ver o mundo.

- Já pensaste…sei lá, tirá-lo do laboratório e mostrá-lo um pouco do mundo.

- Sim, podia o trazer para aqui, ia lhe fazer tão bem.

- Sim, desde que ele não se revolte com a humanidade, começando com nós os três.

Ágda sorriu e beijou o marido e deu-lhe atenção que queria, no dia seguinte como subchefe do laboratório ela convenceu a direção a levar o Tomás para sua casa.

 

As ruas pareciam tão diferentes do que o Tomás estava habituado a ver nos livros. Tomás ao lado da Ágda observava pelo seu vidro do carro as pessoas e as ruas por onde passava e finalmente falou:

- Eu adoro Richard Wagner.

- O compositor Alemão de Operas? – perguntou a Ágda

- Sim, se quer um conselho, para começar tente ouvir “Persival”

- Sim.

- Eu sinto-me como D'Artagnan quando chegou a Paris, no entanto ao ver as ruas por mim mesmo é mais diferente.

- Sim, tens razão. – Disse Ágda tentando manter o ritmo da conversa, o Tomás falava muito de pressa e de vários assuntos diferentes – Eu tenho um marido o…

- O Rodrigo já me falaste dele e também um filho o Tobias.

- Sim, então já te falei deles?

- Algumas vezes nas consultas, o Rodrigo não gosta de ler os livros que tu gostas de ler, têm gostos diferentes, no entanto gostam das mesmas músicas e foi por isso que se apaixonaram. – Tomás sorriu – Já o Tobias gosta mais de matemática do que ler, é muito parecido com o pai cheio de vida e gostar de ouvir todo o estilo de música clássica no que vos deixa muito admirados.

Ágda sorriu, Tomás também ouvia o que ela dizia nas consultas.

 

 Chegaram a uma casa com jardim a frente e quando saíram do carro e entraram em casa o Tobias veio a correr abraçar a mãe e olhou para o Tomás e disse:

- Olá.

- Tobias, este é o Tomás e ele é um robô.

- Uau ele parece mais um urso.

Tomás sorriu e o Tobias perguntou se queria ver o seu quarto, Tomás olhou para a Ágda que deu permissão e os dois foram para o lugar de cima. O Tomás gostou tanto do quarto do Tobias e notou uma coisa;

- Vejo que não gostas de ler.

- Sim, nunca gostei de ler, então ficção muito menos.

- É pena. – disse o Tomás

- Não faz mal – ele olhou para o Tomás de trás para a frente e disse admirado – Tu não pareces um Robô.

- Sim, todos dizem o mesmo, até a tua mãe o disse quando me conheceu.

 

O Tomás portou-se lindamente com as pessoas que entravam e saiam de casa da Ágda para o ver. O Rodrigo olhou para o Tomás e disse admirado.

- Tu és mesmo grande,

- Sim, Sr. Rodrigo. – disse Tomás.

- Tu comes Tomás. – perguntou o Rodrigo por curiosidade.

- Sim, adoro comer bolas de Berlim.

Rodrigo olhou para a Ágda pensando que ele estava a brincar e ela explicou de uma maneira que a família intendesse.

- O Tomás é estilo o robô gato Doraemon.

-Dos desenhos animados? – perguntou o Rodrigo.

- Sim, por isso o Tomás come de tudo e gosta, só não vai a casa de banho como os seres humanos, de resto faz tudo como um ser humano normal.

- Uau – disse o Rodrigo olhando para o matolão do Tomás.

Por isso nessa noite o Tomás almoçou com a família e o Tobias dividiu o quarto com o Tomás, que tinha planos para aquela noite e a mãe advertiu:

- Não, amanhã tens aulas Tobias, por isso quero-vos a dormir.

- O Tomás também dorme? – perguntou mais uma vez o Rodrigo.

- Já disse que o Tomás é um Robô com sentimentos como os seres humanos por isso faz tudo e dormir é uma dessas coisas.

Era de noite no quarto estava numa escuridão, a única luz que entrava pela janela era a luz da lua. Tobias sem sono chamou o Tomás que dormia num colchão a beira da janela.

- Estás a dormir Tomás?

- Não.

- Também não consigo dormir. – disse o Tobias que se alevantou da cama – Tens alguma coisa engraçada para fazer.

- Sim, que tal lermos os três mosqueteiros do Alexandre Dumas?

- Não sei, não, os filmes baseados nesses filmes costumam de ser uma seca, o livro pelo menos é bom?

- Se é bom? É o melhor livro de aventuras de sempre.

Tomás saltou para a cama do Tobias, e meteu o lençol por cima, meteu o candeeiro no meio e ligou a luz e Perguntou;

-Estás pronto?

-Sim.

O Tomás leu o primeiro capítulo ao Tobias e para o miúdo que ouvia a História pela primeira vez estava a ser uma aventura e tantas. Tomás fechou o livro e meteu tudo no sítio e o Tobias disse

- Já vais para a cama? Quando os três mosqueteiros vão duelar com o D'Artagnan?

- Boa noite Tobias, com a tua permissão vou desligar.

Tomás desligou-se deitado na cama. Tobias queria saber o resto da História, mas queria que o Tomás a lesse para si, por isso adormeceu ansioso pelo a noite seguinte.

 

- Mãe sabias que existe um cavalo amarelo? Pelo menos D'Artagnan tinha um – perguntou o Tobias ajudando a mãe a pôr a mesa.

- Como sabes isso? – perguntou a Ágda admirada.

- Tomás leu-me alguns capítulos dos Três Mosqueteiros, lido por ele é como se estivesse na época do rei Luís XIII.

- Isso é muito bonito da parte dele.

- Será que ele hoje me deixa ler também um pouco do seu livro mãe?

- Não sei, tens que lhe perguntar, pode ser que ele diga que sim. – disse a Ágda admirada pelo interesse do filho pela leitura, coisa que ele nunca se interessava – Olha lá vem ele, pergunta-lhe.

Tomás desceu as escadas desejando bom dia, o seu repouso tinha sido do melhor, já tinha arrumado o quarto do menino Tobias e agora ia fazer o pequeno almoço.

- Não é preciso, eu já fiz o pequeno-almoço – disse a Ágda – senta-te e aproveita o pequeno-almoço.

- Obrigado.

- Tomás eu gostei muito de te ouvir ler os “três mosqueteiros” – disse o Tobias um pouco envergonhado – posso ser eu hoje a ler o próximo capítulo?

- Claro que sim. – respondeu o Tomás.

- Até já então.

- A onde vai ele Ágda?

- Para a escola. – respondeu a Agdá ao Tomás.

 

Com permissão da Ágda. Tomás foi as compras para o jantar, quando chegou o Tobias procurou o seu amigo e não o encontrou e ficou triste e foi perguntar a mãe com medo da resposta.

- A onde está o Tomás mãe?

- Não te preocupes, ele foi as compras ao super ao lado da estação.

- Vou ter com ele.

Tomás chegou com os sacos das compras e o Tobias foi ter com ele preocupado, ele sorriu perguntando curioso:

- Que são essas gotas de água que caem pelo teu rosto Tobias?

- São lagrimas, eu pensei que te tinham levado para o laboratório.

- Eu ei de regressar, mas não agora, não te preocupes.

- Dás-me um abraço Tomás – pediu o Tobias.

- Abraço, o que é um abraço?!!

- Eu mostro-te.

Tobias ensinou o Tomás a dar um abraço, apertado daqueles que sabem bem. Depois Tomás disse levando as sacas das compras para a cozinha:

- Quem quer provar o meu Ramen?

- Tu sabes fazer Ramen? – perguntou o Rodrigo.

- Sim foi uma das coisas que ensinaram das receitas do mundo.

- Bem, tu sabes cozinhar comida estrangeiras e não sabes o que é o um abraço. – disse o Tobias.

Tomás fez uma careta e explicou preparando-se para fazer o Ramen.

- Eu ainda não desvendei os segredos dos sentimentos dos humanos, até agora eu não sabia o que era um abraço ou lagrimas de quem tem medo de que alguém que se gosta vai embora.    Tomás foi ao DVD e meteu uma pen e começou-se a ouvir Wagner e ele disse:

- Nada melhor que terminar o dia a cozinhar ouvindo o Wagner.

 

Um dia o Tobias veio triste a casa e a mãe perguntou como correu o dia e ele foi para a sala chorar. Preocupada a Ágda fez o mesmo que fazia quando o seu filho tinha um problema na escola:

- O que aconteceu?

- Na escola os pais souberam que a mãe trouxe para casa o primeiro crente e o Luís disse que não podia brincar comigo por ser amigo do Tomás.

- Filhas de uma meretriz…. – Insultou a Ágda e ficaram em silencio até que o Tobias a chorar disse:

- O Tomás não é má influencia, ele é o meu melhor amigo agora.

- Sim, tens razão. Ele é mais humano que aquelas meretrizes

- Mãe não diga mais asneiras.

- Desculpa, mas elas merecem.

Tomás apareceu desejando boa tarde ao Tobias, mas ficou triste ao ver o seu amigo humano triste:

- Tens lagrimas nos olhos, passa-se algo?

- Não Tomás, olha porque não vão estudar lá para cima.

- Sim dra. Ágda, vamos Tobias – disse o Tomás

Eles subiram as escadas e entraram no quarto, o Tomás sentou-se ao lado do Tobias e perguntou:

- Começamos por qual? – mostrou o livro de matemática – pela matemática, eu sei que gostas.

Tobias abraçou-se ao Tomás e começou a chorar e ficaram assim por um bom bocado, depois Tobias disse sorrindo:

- Podemos começar com a matemática.

 

Má influência diziam as pessoas sobre o Tomás, todos tinham medo de que um dia o tal crente como o chamavam se revoltasse contra a humanidade, contra aqueles que o criaram. Nos debates os políticos tentaram decidir o futuro do único crente com o nome de Tomás. Durou horas e o primeiro ministro para o bem da humanidade decidiu desligar o Tomás e esquecerem que a primeira vida robótica foi criada voltando a repetir “para o bem da humanidade.” Com medo de que a Ágda a sua psicóloga soubesse e o escondesse, eles apareceram em casa dela de surpresa. Tobias desconfiou ao vê-los a chegarem a porta da rua, correu para a beira do Tomás e pediu:

- Anda, tens de fugir.

- Para onde?

- Eles vão te desligar, tens de fugir.

- Porque eles haveriam de fazer isso?

- Porque a humanidade nasceu má e tem medo de quem é diferente como tu – Respondeu o Tobias.

O Rodrigo abriu a porta e fui empurrado e os tipos do laboratório começaram a procurar o Tomás, quando viram o Tobias lá fora de bicicleta com o Tomás. Eles retiraram as armas e a Ágda gritou apavorada com medo que fizessem mal ao seu filho.

- Ele é só uma criança por amor de Deus.

Quando Tobias deu conta a polícia já o perseguia pelas ruas da cidade, ele disse ao Tomás:

- Isto é como o teu livro os três mosqueteiros, eles são os guardas do cardial.

- Então estou a viver uma aventura.

- Sim.

A polícia ocupou o fim da rua era impossível passarem para o outro lado, eles travaram as bicicletas, Tomás abraçou-se ao Tobias e limpou as lagrimas que caiam do rosto do seu amigo e caminhou até a polícia que acenou para o Tobias e gritou:

- Um por todos e todos por um.

Então desligaram o Tomás……

 

Voltaram a ligar……

 

Tomás quando foi ligado a primeira coisa que viu foi um homem e ele perguntou:

- A onde estou?

- Nós somos as sentinelas ou para a humanidade os astronautas antigos.

- Porque me ligaram?

- Tu és o único ser vivo neste mundo em decadência. – disse o homem – tens um último pedido.

Ano 3230,

Humanidade extinta

Únicos seres vivos……os animais e o…Tomás

 

Foi lhe mostrado uma porta, Tomás reconhecia como a porta do Tobias e sorriu e olhou para o homem que fez um gesto para ele entrar. Tomás segurou o fecho da porta e abriu-a e entrou no quarto do Tobias que lia o livro “Três Mosqueteiros”, segundo o homem aquela porta o levou para o passado, tinha umas horas antes de regressar ao futuro.

- Aproveita – disse o Homem

- Olá Tobias – disse envergonhado Tomás

- Tomás, mas como é possível, tu fostes desligado a minha frente e levado por eles.

- Não faças barulho, eles não podem saber que eu estou aqui por umas horas.

- Umas horas!!!! – Exclamou Tobias.

- Vejo que andas a ler o nosso livro.

- Sim, mas ainda não sai do capítulo a onde ficamos. Podes ler para mim?

- Sim claro.

Foram para o meio da cama, o candeeiro no meio da cama e o lençol metido por cima e o Tomás começou a ler até terminarem de o ler. Tobias saiu da cama e foi a gaveta e deu um livro embrulhado e disse sorrindo:

- Era para te dar no natal, mas como não foi possível.

-Adeus Tobias.

- Adeus Tomás.

Eles deram o aperto secreto e o Tomás saiu pela porta e apareceu no mundo decadente e viu uma nave a espera ele entrou e sentou-se, abriu a porta e olhou para o embrulho e tirou um papelinho e leu

 

O homem da livraria disse que era a continuação dos “Três Mosqueteiros”

Tobias

 

Tomás abriu curioso o embrulho e sorriu vendo a capa do livro e leu feliz o título

 

O Visconde de Bragelonne” De Alexandre Dumas.

 

Fim




Comentários