Resumo do livro que ando a escrever o "Meu Amigo Yoshi"

 

numa terra de memórias entrelaçadas como os fios de uma tapeçaria antiga, um jovem chamado Carlos, que mais tarde se tornaria frei Bernardo, aprendiz de um homem singular, o mestre Adso. Esta é a história que ele teceu, uma epopeia digna dos cantos de Homero, mas banhada pela luz da fé e pela simplicidade franciscana.Tudo começou em Assis, na Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, onde Carlos, ainda um jovem de coração inquieto, conheceu Adso, um homem de olhos vivos e histórias que pareciam saltar das páginas de um livro épico. Adso, outrora conhecido como Yoshi no Japão, onde crescera entre templos budistas e a brisa salgada do Pacífico, viera para Portugal em busca de respostas que o Oriente não lhe dera. Em Coimbra, na universidade, tornara-se uma lenda: o único caloiro que, com astúcia e coragem, virara o jogo contra os veteranos que o tentavam praxar, ganhando o respeito de todos. Mas a vida, como Adso dizia, era um rio de muitas correntes. A pandemia chegara, sombria e implacável, e foi nesse tempo de clausura que Yoshi, o aventureiro, se encontrou com Francisco de Assis. Não em carne e osso, mas na alma. Uma conversão silenciosa levou-o a abandonar o mundo académico e a abraçar o hábito franciscano.Carlos, fascinado pelas histórias de Adso, seguiu-o como aprendiz. Juntos, partiram para Assis, onde o jovem se tornou frei Bernardo, e ali, entre os montes da Úmbria, partilharam uma vida de oração, pobreza e fraternidade. Adso contava-lhe histórias: as suas andanças pelo Japão, os dias em que enfrentava o mundo com um sorriso desafiador, e o momento em que, numa noite de silêncio, ouvira o chamamento que mudaria tudo. “Não é o homem que escolhe Deus,” dizia Adso, “é Deus que escolhe o homem, e nós só podemos dizer Varios.anos passaram, e Adso, com a sua humildade radiante, tornou-se um farol para muitos. Quando o Papa o declarou santo do novo milénio, o mundo celebrou São Adso, mas para Bernardo e para Sérgio, o velho amigo de ambos, ele seria sempre o mestre Adso — o homem de carne e osso, sem auréola, que ria com eles e partilhava o pão. Bernardo, agora guardião das memórias do mestre, passou anos a escrever a sua epopeia. No seu quarto modesto, diante de uma pequena estatueta de Adso, as palavras fluíam como um rio. Mas o título… o título resistia. Nada parecia captar a essência daquele homem que fora amigo, guia e luz. Até que, numa tarde tranquila, enquanto Sérgio o chamava para falar às multidões que aguardavam as suas palavras, Bernardo olhou para a estatueta e pediu: “Um último milagre, mestre… prometo.”E como se o próprio céu respondesse, a inspiração veio. Com um sorriso, Bernardo pegou na caneta e escreveu: Meu Amigo Yoshi. Era perfeito. Não era a história de um santo intocável, mas de um amigo, de um homem chamado Yoshi, que, com um coração aberto, mudara o mundo à sua volta.E assim, Bernardo levantou-se, guardou o manuscrito e preparou-se para falar. As multidões esperavam, mas ele sabia que não falaria apenas de São Adso. Falaria do seu amigo Yoshi, cuja vida era um hino à simplicidade, à fé e à amizade que transcende o tempo.E em Assis, na Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, a pequena estatueta parecia sorrir, como se soubesse que a sua história, agora escrita, continuaria a inspirar corações por gerações


                                                                                                                               André Vilaça 



 

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