A Minha Odisseia: A Caminho de Oliveira do Bairro

 Os Deuses já tinham previsto esta epopeia para mim e, pelo Zé, lá fui eu.
Autocarros atrasados, o relógio a correr, cheguei à estação e deparei-me com uma fila enorme. Tinha que apanhar o comboio das 18h35... e já eram 18h20. Corri às máquinas automáticas, mas só davam bilhetes para Aveiro. Ansioso e nervoso, respirei fundo e liguei ao Zé a perguntar se me podia ir buscar a Aveiro. Ele, ocupado, não podia vir.
Foi então que, no meio da multidão, um senhor — como um enviado dos Deuses — viu-me aflito e deixou-me passar à frente. Mas os Deuses não facilitam, apenas acrescentam capítulos à aventura. Tive de apanhar o comboio para Penafiel, sair em Campanhã e depois seguir para Aveiro ou Coimbra-B. Só mais tarde descobri que havia um comboio direto para Oliveira do Bairro, muito mais rápido.
Respirei fundo: a primeira etapa estava completa. Quando saí em Oliveira do Bairro e vi o Zé, corri até ele e abracei-o. Nesse abraço na estação, sem palavras, eu dizia:
“Sim, tudo correu bem.”
Se não fosse o Zé, eu não teria estas aventuras. Se há 12 anos me dissessem que ia passar por isto apenas para estar com os meus amigos, teria dito que o meu “eu do futuro” estava maluco.
Mas que aventura! E quero mais destas: momentos em que não tenho saída fácil e sou obrigado a safar-me sozinho. Obrigado, Zé. Às vezes ele pede desculpa por me fazer passar por estas peripécias, mas sou eu que lhe agradeço. Porque assim divirto-me, treino a independência… e um dia, quando for velho, hei de o chatear ainda mais.
— André Vilaça


                                                 
 
 


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