O dia que conheci o Mario Monguinho o baixista dos Atoa.

 

        Era uma tarde como qualquer outra, ou pelo menos foi o que eu pensei antes de entrar na Fnac do Gaia Shopping. Naquele dia, algo especial estava reservado para mim, algo que eu nunca esqueceria. O ambiente estava repleto de uma energia diferente, com pessoas animadas, ansiosas pelo que estava por vir. Os ÁTOA iam se apresentar ali, num concerto intimista, e eu estava pronto para testemunhar cada musica cada acorde, cada nota ter a oportunidade de ouvir a musica “Ritinha ao vivo”

          Quando o concerto começou, fui imediatamente arrebatado. O baixista dos Atoa Mario Monguinho ele tocava com uma naturalidade que parecia quase mágica. Os dedos deslizavam pelas cordas da guitarra, criando melodias que preenchiam o espaço e ressoavam na alma de todos que ali estavam. Cada música carregava uma emoção diferente, e eu fiquei fascinado, como se cada acorde tivesse sido tocado só para mim.

        Esperei pacientemente até ao final do concerto. O público aplaudiu de pé, e eu também. Não queria perder a oportunidade de o cumprimentar pessoalmente. Quando a multidão começou a dispersar, criei coragem e fui até ele. O coração batia rápido, a adrenalina corria nas veias. Afinal, não é todo dia que se conhece alguém tão talentoso.

        Ele recebeu-me com um sorriso caloroso, o tipo de sorriso que faz qualquer fã sentir-se especial. Eu cumprimentei-o com entusiasmo, e ele respondeu com uma simplicidade que eu não esperava, como se fosse apenas mais uma pessoa comum. Foi então que ele me surpreendeu. Tirou do bolso uma palheta dos AC/DC – que ele tinha usado durante o concerto – e estendeu-a para mim.

        Fiquei parado, sem acreditar no que estava a acontecer. Peguei na palheta como se fosse um tesouro precioso. "Wow...", foi tudo o que consegui dizer. Ele riu, claramente acostumado com reações desse tipo, mas para mim, aquele momento era único, inesquecível. Era como se ele tivesse partilhado comigo um pedaço da sua arte, da sua paixão.

         Mas não acabou aí. Tirei da mochila um desenho que tinha feito dele, algo que preparei com antecedência para o caso de ter a chance de o encontrar. Mostrei-lhe, meio nervoso, e ele abriu um sorriso ainda maior. Pegou no desenho e assinou-o sem hesitar, elogiando o meu talento. Aquilo já seria suficiente para tornar o dia perfeito, mas havia algo mais que eu queria dizer.

         Disse-lhe que também estava a aprender a tocar guitarra, mas que me sentia longe de ser tão bom como ele, ou como o Rui Veloso, que sempre foi uma grande inspiração para mim. Ele olhou para mim com     seriedade, mas com um brilho encorajador no olhar. "Treina muito," disse ele, com uma convicção que me marcou. "Se te dedicares, um dia vais chegar lá. Talvez até ultrapasses a mim e ao Rui Veloso."

       Aquelas palavras ficaram gravadas na minha memória. Não era apenas o que ele disse, mas como disse, como se realmente acreditasse que eu tinha potencial. Foi um momento breve, mas carregado de significado, uma daquelas experiências que a gente leva para a vida toda.

      Saí da Fnac com a palheta dos AC/DC guardada no bolso, o desenho assinado nas mãos e uma nova motivação no coração. Não era só a emoção de conhecer alguém que eu admirava. Era o impacto das suas palavras, o incentivo para continuar, para não desistir, para seguir em frente com o sonho de ser guitarrista.

      Foi, sem dúvida, um momento único, um daqueles raros encontros que nos mostram que, com paixão e dedicação, podemos alcançar o que quisermos.




 

 

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