Os Monges de Pedra e a Dádiva do Ano Novo
Era uma vez, no Japão antigo,
um pobre homem que vivia com sua esposa. Ano após ano, quando chegava a época
de celebração do Ano Novo, o casal não tinha como comemorar. A pobreza em que
viviam os privava de qualquer luxo. O sustento deles vinha da confecção de
protetores de chuva feitos de palha. O homem descia a montanha onde moravam e
ia até Tóquio para vendê-los na feira.
Certo dia, na véspera de
Ano Novo, o homem passou o dia inteiro tentando vender seus protetores de
palha. Mas, para sua tristeza, não conseguiu vender nenhum. Com o coração
pesado, ele começou a longa caminhada de volta para casa, subindo a montanha. A
neve cobria o chão, e o vento gelado castigava seu rosto, mas o pensamento de
voltar para sua esposa sem nada o apertava mais que o frio.
No caminho, algo chamou sua
atenção. Era um pequeno templo budista, isolado na montanha. Diante do templo,
havia quatro estátuas de monges feitas de pedra, cobertas pela neve e expostas
ao rigor do inverno. Movido pela fé e pela compaixão, o homem se ajoelhou
diante das estátuas. Ele rezou com devoção, pedindo forças para enfrentar as
dificuldades que a vida lhe impunha.
Depois de terminar sua prece,
olhou para os protetores de chuva que carregava. Embora não tivesse vendido
nenhum, sentiu que poderia usá-los de outra forma. Cuidadosamente, ele colocou
um protetor em cada uma das estátuas, cobrindo suas cabeças de pedra fria e
protegendo-as da neve. Apesar de não ter dinheiro ou mantimentos, sentiu-se em
paz por ter feito algo bom.
Ele continuou seu caminho até
casa, e ao chegar, contou à esposa o que havia acontecido. Embora ainda
enfrentassem a pobreza, estavam unidos, e o gesto generoso do homem trouxe-lhes
uma leveza inesperada naquela noite.
Quando a madrugada do Ano
Novo chegou, o casal foi despertado por um som incomum vindo de fora. Eles se
entreolharam, curiosos e um pouco apreensivos. Quem poderia estar na porta
àquela hora?
Abriram a porta com cuidado
e ficaram boquiabertos com o que viram. Lá estavam mantimentos suficientes para
durar o ano inteiro: arroz, vegetais, frutas e até doces! O casal não conseguia acreditar em tamanha
generosidade. Olhando mais adiante, viram algo ainda mais extraordinário: as
quatro estátuas de monges de pedra, agora vivas, caminhando lentamente de volta
ao templo enquanto entoavam uma melodia budista serena e harmoniosa.
O casal ficou emocionado.
Não restavam dúvidas: os monges haviam retribuído a bondade do homem. Aquele
presente era a prova de que mesmo nos momentos mais sombrios, quando parece que
tudo está perdido, um gesto de bondade pode trazer luz e esperança.
A moral desse conto budista é simples, mas
poderosa. A vida pode ser dura e injusta. Às vezes, parece que tudo está
desmoronando. No entanto, com força de vontade, fé e, acima de tudo, bondade, é
possível transformar as adversidades. Fazer o bem, mesmo quando enfrentamos
dificuldades, nunca será em vão. Sempre haverá uma recompensa, mesmo que ela
venha de forma inesperada.
Este ano, em particular, tem
sido desafiador. Não podemos estar com quem amamos, não podemos dar aquele
abraço que aquece a alma. Mas, assim como o homem deste conto, aprendemos a
encontrar novas formas de conexão. Aprendi a usar o Messenger para ligar para
os amigos, e isso trouxe um pouco de alívio. A jornada pode ser longa e
difícil, mas tudo começa com o primeiro passo. E esse primeiro passo já está
sendo dado.
Namastê.
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