Eu tinha
acabado de ler “O Código Da Vinci” e pensei que jamais encontraria outro livro
tão bom quanto aquele. Foi uma experiência tão marcante que parecia
insuperável. Mas, logo depois, surgiu um livro português que muitos comparavam
com o sucesso de Dan Brown. Era “Codex 632”, do José Rodrigues dos Santos.
Diziam que era a versão portuguesa do “Código Da Vinci”. Comprei, cheio de
expectativa, mas… foi uma decepção em todos os níveis. Não era aquilo que eu
esperava.
Algum
tempo depois, numa ida despretensiosa à Fnac, meus olhos pousaram em um livro
que estava no topo das vendas de inverno. Era de um jovem autor português, e
chamava-se “O Último Papa”. Curioso, decidi comprar. Só que, para minha
surpresa, apesar de estar em primeiro lugar nas vendas, as funcionárias da loja
nem sequer conheciam o título. Depois de uma verdadeira odisseia pela livraria,
finalmente encontramos o livro.
Li em uma semana. Sim, em uma semana! A
última vez que eu tinha devorado um livro assim, em tão pouco tempo, tinha sido
com “As Relíquias da Morte”, de Harry Potter.
“O Último Papa” era diferente de tudo o
que eu já havia lido. A trama gira em torno de uma conspiração para encobrir
quem realmente matou o Papa João Paulo I. A protagonista, uma jornalista
chamada Sara, começa a investigar o caso e logo se vê ameaçada pela agência
secreta P2. Com a ajuda de Rafael, um agente que se revela muito mais do que
aparenta, Sara se embrenha em uma história de mistérios, segredos e perigos.
A
adrenalina que o livro transmite é eletrizante. As reviravoltas são tão
intensas que, em muitos momentos, eu me perguntava: "Isso é realmente
ficção, ou tem um fundo de verdade?" Era impossível largar. Fui capturado
pela narrativa e pela ousadia do autor, Luís Miguel Rocha, que revolucionou o
cenário da literatura com suas tramas sobre o Vaticano.
Quando terminei o livro, queria mais.
Na última página, vi uma nota do autor dizendo que, se os leitores quisessem
fazer perguntas, poderiam enviar um e-mail. Escrevi, claro, mas o que aconteceu
depois foi inesperado. Com o tempo, uma amizade se formou entre nós. E, quando
os livros dele começaram a ser lidos por tanta gente, eu dizia com orgulho que
ele era meu melhor amigo. As médicas que me acompanhavam olhavam para mim com
uma expressão de descrença, como se fosse impossível. Afinal, como é que um escritor
publicado no New York Times poderia ser meu amigo?
Para quem ainda não leu, deixo aqui minha
recomendação: leiam “O Último Papa”, “A Bala Santa”, “A Mentira Sagrada”, “A
Filha do Papa” e o último livro da saga. Todos são ótimos.
Mas
tenho que admitir, o último livro foi um pouco diferente. Luís Miguel Rocha
faleceu antes de concluir a história, e outro autor foi chamado para
terminá-la. A diferença é perceptível. O livro começa bem, no estilo de Rocha,
mas, conforme avançamos, a escrita perde algo da essência dele. Talvez devessem
ter editado o livro até o ponto em que ele mesmo escreveu, como foi feito com
J.R.R. Tolkien. Os finais dos livros inacabados de Tolkien, escritos por seu
filho, claramente não tinham o mesmo brilho.
Uma vez, Luís me pediu para fazer as
ilustrações de seu último livro. Disse a ele que não era bom com desenhos, mas
ele insistiu que queria meus traços, que faria questão de me pagar. Porém, ele
adoeceu, e o projeto nunca foi adiante.
Ainda guardo essas lembranças com
carinho. Luís Miguel Rocha não foi só um escritor admirável, mas também um
amigo que acreditou em mim. E, de certa forma, a amizade
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