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prólogo do conto "Siddartha Gautama".
(…) Naquela altura em Nara, o tempo estava quente porque era
primavera. Quim Zé olhou para a floresta que, segundo a lenda, um
Deus do Xintoísmo decidiu fazer uma aparição, semelhante a Fátima
em Portugal. A diferença era que a floresta foi deixada intocada, como
há 300 mil anos, para lembrar que um Deus ali apareceu.
Quim Zé tinha que se desviar das pessoas que faziam uma
peregrinação na área. "Arigato," dizia Quim Zé às pessoas, e elas a ele.
Ele chegou ao templo perto da floresta de Nara, mas não viu ninguém
por perto. Estacionou a bicicleta contra a parede e caminhou até ao
velho Buda de pedra, desgastado pelo tempo. Ele realizou o ritual e
rezou:
- Eu me refugio em Buda.
- Há muito tempo que não ouvia o meu bom Português.
Quim Zé virou-se e deu um sorriso reconhecendo o monge
budista idoso que se sentou ao seu lado. Saberia o monge que Quim Zé
era o seu filho que o veio procurar de tão longe?
- De onde és, meu caro?
- Eu sou de Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro. O que estou eu a
dizer, o senhor nem deve saber do que falo.
- Então não sei. Eu sou natural da cidade do Porto, mas deixei o
meu bem mais precioso em Oliveira do Bairro, na Murta. Conheces esse
lugar?
- Sim, eu conheço. Eu também sou de lá. E o amigo conhece o Zé
Luís Santos, o homem que me criou?
- Sim, o meu grande herói. Como está ele agora?
- Cheio de saudades tuas, pai. – Quim Zé começou a chorar e
abraçou-se ao monge, dizendo. – Sou eu, pai, o teu Quim Zé.
No templo de Nara, contava-se a história do dia em que Buda
regressou a casa para se despedir do pai. Deve ter sido assim quando
André reencontrou o filho.
Fim
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