Historia de dois irmãos de André Vilaça
Era uma vez dois irmãos, Naruhito e Takeshi, que eram gêmeos e viviam em Tóquio durante a Segunda Guerra Mundial. Quando a cidade era bombardeada pelos americanos, sua mãe os levava para um local seguro, uma gruta nas montanhas próximas à cidade. Os dois irmãos eram muito unidos, gostavam das mesmas coisas e eram tão parecidos que era difícil distingui-los. Quando a mãe morreu vítima da guerra, Takeshi e Naruhito decidiram sobreviver, foram morar com familiares, alguns deles bons e outros maus. Sem notícias do pai, que partiu para a guerra e nunca mais deu sinal de vida, os dois irmãos sempre voltavam para a casa da família.
Um dia, o pai voltou e levou seus filhos para uma nova vida em Quioto, onde viveram dias felizes e alegres. Naruhito gostava da neve no inverno, andar descalço no verão, comer melancia enquanto ouvia as cigarras, ler o mesmo livro e discutir sobre ele, ir ao cinema e assistir filmes do mestre Akira Kurosawa.
Nos anos 70, Takeshi foi para a Universidade de Tóquio, enquanto Naruhito tomava conta da mercearia do pai, que morreu doente naquele mês.
Takeshi se destacou como o melhor aluno da universidade, tocava violino na banda sinfônica de Tóquio e escrevia para Naruhito todos os dias. Quando terminou a universidade e sentiu saudades do irmão gêmeo, voltou para casa, em Quioto. Os dois construíram famílias e viveram felizes.
Um dia, Takeshi adoeceu com a mesma doença do pai e, sem cura, ele morreu. Na vida após a morte, ele procurou pelo seu irmão Naruhito, não querendo ir para a vida eterna sem reencontrá-lo. Seu pedido foi atendido, pois ele havia sido gentil em sua vida anterior. Em 1976, nasceu como José Luís Santos em Portugal, enquanto Naruhito permaneceu no Japão, sozinho e triste. Quando Naruhito também adoeceu e morreu com saudades do irmão, ele reencarnou em outra vida em 1983, em Portugal, como André Vilaça. Com o tempo, os dois irmãos se reencontraram nesta vida ao conhecerem Hugo.
Escrevi esta história porque um dia um monge budista me disse que eu e o Zé (José) podemos ter sido irmãos gêmeos em outra vida, já que gostamos e temos medo das mesmas coisas.
Esta história Budista é uma bela reflexão sobre a natureza das relações humanas e como elas podem perdurar ao longo do tempo e das vidas, convidando-nos a pensar profundamente sobre a conexão entre as pessoas e a possibilidade de reencontrar entes queridos em diferentes encarnações.
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