Prof Paulo o professor Keating da vida real

 Existe sempre dois, o mestre e o aprendiz

Mestre Yoda

     Conhecem o filme oscarizado do final dos anos 80 chamado “O clube dos Poetas Mortos”? Eu conheci muitos professores durante a minha vida que sonhavam um dia mandar à merda o sistema educativo e ser como o Professor Keating, estrelado pelo ator Robin Williams. O Prof. Paulo foi para mim esse professor do filme, ele ensinou-me com o seu talento e sabedoria, a perseguir as nossas paixões individuais e tornar as nossas vidas extraordinárias.

     O Prof. Paulo, ele era um professor diferente, ele adorava desvendar mistérios, para além da estufa. Eu, por segundos, pensei que iria encontrar um duende ou um elfo com ele num mundo de fantasia como Narnia.  

      Na semana da jardinagem eu comecei a falar com o Prof. Paulo em inglês, acho que foi assim que aprendi a falar inglês.

         - Hello teacher.

         - Hello Matrix, how are you today

         - I´m fine, thank you

       Era assim, toda a semana, quando falava errado, ele corrigia-me. Eu lembro-me que nesse dia, falei quase todo o dia no filme de ficção científica do momento, o “Matrix”, eu sabia as falas de cor, as cenas, do que gostei e não gostei do filme, ele então deu-me um pseudónimo que me deixou feliz.
         Eu adorei a semana com o Prof. Paulo, as nossas conversas em inglês, o meu pseudónimo Matrix que era sempre ouvido quando era chamado para qualquer lado. Uma vez ele mandou-me fazer um favor e começou-me a doer o peito a pensar que tinha de falar com a secretária da secretaria e então ele pôs-me lá fora e só me abriu a porta, quando eu lhe fiz o favor.
        O Prof. Paulo adorava ler os meus contos sobre Fenália e ajudava-me a melhorar. Já o meu psicólogo dormia enquanto eu lia os contos de Fenália.
       Na despedida eu dei-lhe um abraço forte e ele disse em inglês:

         - Adeus Matrix, até qualquer dia.

         - Adeus Prof. Paulo.

         Foi assim que eu me despedi. Depois de alguns dias, eu escrevi uma carta e outra, sem receber resposta, até que um dia decidi ir vê-lo, mas isso fica para mais tarde.


                                                                                                          André Vilaça






 

 

         

          

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